quinta-feira, 28 de março de 2013

Clara



E lá vai ela de novo. Sentindo velhas sensações que já não lhe fizeram bem num passado que nem está tão distante assim.  Liga o carro e desliga o som.  Melhor o silêncio.  Precisa desse tempo pra pensar.  E ao engatar a primeira marcha, se pergunta porque aquilo está acontecendo.  Afinal, ela já esteve nessa conhecida montanha russa de subidas empolgantes e descidas avassaladoras e não saiu de lá muito bem. 

Desta vez o contexto parecia diferente, embora os personagens fossem os mesmos.  Ou talvez o contexto fosse bem similar, mas, por conta de alguns detalhes no enredo da história, ela não tenha se dado conta de que não seria diferente.  Pode ser que ela acreditasse nas regeneração dos sentimentos, ou então... Pára!  É melhor parar de buscar causas para as consequências.  Pois esse é um caminho que não leva a lugar algum.

O trânsito está péssimo.  Véspera de feriado é sempre um embaço.  Com o carro parado, seu pensamento volta a percorrer outros pontos dessa história.  "Pah!" - dá uma porrada no volante.  Ela sabe que é melhor escolher uma nova rota.  O céu está lindo. Ao menor indício de lua no céu ela suspira.  Sempre.  E aí vem a inevitável lembrança do toque e da voz e do beijo. 

Ela precisa desviar daquele trajeto agradável e sedutor, porém sinuoso e um pouco obscuro. E quando uma sequência interminável de questionamentos, reflexões e conclusões evasivas invade o seu caminho como se fossem dezenas daqueles motoqueiros que passam voando e buzinando entre os carros, o farol abre. Então ela sai cantando pneus e corta tudo quanto é carro, deixando aquela rotatória de perguntas inúteis para trás.  Foge da inércia e do tédio da mesmice.  Anseia pela novidade e pela leveza do movimento.